Parque Estadual Paulo César Vinha

Parque Estadual Paulo César Vinha

Parque Estadual Paulo César Vinha, antigo Parque Estadual de Setiba, possui esse nome em homenagem ao biólogo Paulo César Vinha, que era contra o extrativismo de areia na região, tendo sido assassinado devido à sua luta pela preservação da área. Fica no município de Guarapari, no Espírito Santoregião sudeste, possuindo uma área de 1.500 hectares. A reserva encontra-se numa planície litorânea, e sua principal formação florestal é a restinga.

Índice

Biodiversidade

Há cerca de 8.000 anos, o mar ocupava toda essa planície em que hoje se situa o Parque. Com o recuo da água ao longo do tempo, um grande areal foi formado, que aos poucos foi sendo recoberto por diferentes tipos de plantas e organizações, resultando em diferentes tipos de vegetação. Essa diferenciação se dá pela presença de ondulações do terreno, permitindo que a água permaneça em pontos mais baixos ou elevados da superfície, e ainda acima do solo, formando trechos alagados. Sendo assim, se a disponibilidade de água, fator essencial para a vida, é menor ou maior em determinados pontos, a maioria das espécies de plantas e outras formas de vida também é diferente em cada um desses locais. Há uma grande diversidade de ambientes em sua área como praia, lagoas, dunas e planícies alagadas, inúmeras formações vegetais, uma rica flora composta por Orquídea, bromélias, Clusia e outras espécies típicas de restinga. Conta com uma fauna variada de pererecas endêmicas a Sagui-de-cara-branca, cotias, jiboias, Quati, tamanduás e veados.

Flora

O tipo de vegetação característico dessa região é a restinga, encontrada nas praias e planícies costeiras por todo litoral brasileiro. No parque são observadas desde plantas rasteiras até árvores com mais de 15 m de altura, contando com varias espécies de orquídeasbroméliasclúsiasaroeirascactos e entre as espécies em via de extinção está a Jacquinia brasiliensis. Servem como abrigo e alimento para muitos animais encontrados nessa região, e são muito importantes na fixação das dunas, evitando que a areia se espalhe. A restinga possui diversas fitofisionomias, dentre elas:

Floresta Periodicamente Inundada

Seu nome se deve aos alagamentos periódicos que ocorrem durante ao ano, é predominante nas margens das lagoas e nas áreas mais baixas ou depressões. O solo é frequentemente coberto por uma camada de matéria orgânica(folhas, galhos, flores, frutos e sementes), sendo muito importante para a manutenção de todo o ecossistema, pois sua decomposição fornece nutrientes ao solo e ajuda a manter a umidade, abrigando várias formas de vida. Árvores como o Guanandí (Symphonia globulifera), palmeiras como a Aricanga (Geonoma schottiana), Tucum (Bactris vulgaris), bromélias e samambaias estão presentes na floresta, também pássaros e anfíbios, associados ou atraídos por ambiente úmido, como pererecas, guaxinins e muitos insetos.[1]

Brejo Herbáceo

É marcado por ondulações do terreno, onde a superfície se encontra ora mais próxima ora mais afastada do lençol freático, chegando também a ser tão baixa, que possibilita o afloramento do lençol em sua superfície, formando inundações. Como consequência disto, forma-se diferentes graus de vegetação. Animais como o Veado-mateiro, a seriema, garças, socós e frango d’agua, são encontrados nesta vegetação.[1]

Mata Seca de Restinga

Também conhecida como “Formação Florestal não Inundável”, a Mata Seca de restinganão sofre alagamentos em nenhuma época do ano. Aqui, a matéria orgânica no solo é bem grossa e há uma maior diversidade vegetal, com diferentes formas de vida, como epífitas, ervas, trepadeiras, arbustos, fungos, Líquen, musgos, Bromélias, árvores que podem chegar até 20 metros de altura e animais como o sagui (Callithrix geoffroyi), tamanduá-de-colete (Tamandua tetradactyla), saruê (Didelphis aurita) e Saí-azul (Dacnis cayana). É comum encontrar indivíduos jovens das árvores, que substituem as adultas quando estas caem, mantendo a continuidade de vida da floresta.[1]

Vegetação Pós-praia

A vegetação, devido a condições do ambiente como o vento, salinidadee nutrientes, se apresenta em torno de três metros de altura e geralmente não são encontradas na área florestal. Estão presentes a “almescla” (Protium heptaphyllum), o “jatobá” (Hymenaea rubriflora), a aroeira ou pimenta-rosa (Schinus terebinthifolius) dominando quase toda a área, a pitanga (Eugenia uniflora) e plantas ameaçadas de extinção pela retirada gananciosa da vegetação. [1]

Fauna

Há uma enorme diversidade de animais na região do parque, como consequência de diversos ambientes, cada um com suas características e funções diferentes. Podem-se classificar as espécies em dois grupos distintos: espécies endêmicas e Espécie indicadora de qualidade ambiental. As espécies endêmicas são as que podem ser encontradas em apenas uma determinada região ou ecossistema, com exemplo espécies que vivem somente na Mata Atlântica e outros são encontrados apenas no Espírito Santo, caracterizam-se como espécies endêmicas dessas regiões. As espécies indicadoras de qualidade ambiental são tão sensíveis à qualquer alteração do meio ambiente, que podem desaparecer caso essas alterações aconteçam, a sua presença é um indicativo do bom estado de conservação da natureza. A fauna da área é rica, possuindo mamíferos como cachorro-do-matosagui-de-cara-brancajaguatiricaouriço-pretopapuaçu capivara, aves como sabiá-da-praiagarça-branca-grandeapuim-de-cauda-amarela e répteis como a jiboia além de muitos peixesinsetosanfíbios[2]

Problemas e Ameaças

Automóveis dentro do parque

Problema mais comum e antigo é a entrada ilegal de carros e motos na praia e no interior do parque. Placas de aviso não são respeitadas e isso pode acarretar em problemas ao meio ambiente. Em casos mais incomuns os automóveis percorrem o interior do parque e as dunas. Esses carros passam por cima da vegetação que tem uma grande importância na fixação das dunas, Sem essa vegetação a areia é carregada alterando o ambiente, e invadindo ruas e casas. Outro impacto é em relação às tartarugas marinhas, pois os carros passam por cima de seus ovos, impossibilitando que as tartaruguinhas nasçam.

Incêndios Florestais

As queimadas destroem boa parte da vegetação e consequentemente eliminam o habitat de outros seres, ocorrendo uma alteração do meio ambiente. Devido a esses acontecimentos, foi criado um projeto chamado “Programa de recuperação e monitoramento pós-fogo do PEPCV”, para recuperar parte da área queimada e pesquisar como a restinga comporta-se depois de incêndios.

Extração de areia

A extração de areia é um problema que deve ser fiscalizado, pois foi um dos motivos para a criação do parque, o que mesmo depois desse fato ainda realizam a extração ilegal de areia. Ocorre principalmente à noite, onde retiram toda a vegetação, matando muitas espécies. Os animais acabam morrendo ou ficam sem lugar para sobreviver.

Captura de aves

A captura de aves é algo preocupante, pois, como todos os seres vivos, possuem grande importância na natureza, já que ajudam a manter o equilíbrio do ambiente.

Coletas de plantas nativas

Na restinga, vivem muitas plantas bonitas, como as orquídeas e as bromélias. Mas a beleza se tornou uma ameaça, sendo utilizadas para a venda ou consumo, já que existem espécies com valor ornamental, medicinal e culinário. Mas cada planta tem uma importante função no ambiente. As bromélias por acumularem água, muitos animas utilizam-na como local para abrigar-se, alimentar-se ou reproduzir-ser. Retirar uma planta da restinga é ilegal e prejudica uma grande quantidade de seres vivos.

Espécies ameaçadas de extinção

Com a intensa destruição da natureza, varias espécies de animais e plantas estão ameaçadas de extinção. Podem desaparecer se não tiverem um local adequado para sobreviver. Principais motivos, além da destruição do ambiente natural, tem a caça e coleta desses animais e de plantas e a introdução de espécies exóticas no meio.[3]

Referências

  1. ↑ Ir para:ab c d MERÇON, Leonardo (2009). Últimos Refúgios: Parque Estadual Paulo César Vinha. Vitoria: Instituto Últimos Refúgios
  2. Narciso, Lauro da Cunha (2011). Parque Estadual Paulo César Vinha: preservando o nosso quintal. Cariacica: IEMA

Ligações externas

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